segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Artifícios

E nos fogos...
no barulho que parece não ter fim...
nesse espetáculo de luzes...
Encontramos o silêncio,
e enquanto observamos a luminosidade desse momento,
a alma se enche de sonhos...
enxergamos milhares de cenas, de rostos e risos,
no mesmo instante em que nossos olhos
fascinados
brilham com(o) esses fogos.

Cristian S. Molina

D'um comentário em "É dia de Amar" ,  texto de Marília Félix, no blog Meus Devaneios.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Instantes Contínuos

Essa coisa de não ver...
Essa coisa de não ouvir...
Essa coisa de não falar...
Essa coisa de não estar
Os curtos momentos de companhia distante
Tudo isso é muito idealizante...
Idealizar...
também tem suas delícias...

Aquela coisa de estar junto
Todo minuto... é muito concreto...
Gosto de da rotina desrotinada dos beija-flores...
que passam... que passam...
colhem o néctar... colhe o doce...
deixa sua beleza na lembrança, e vai-se...

Volta... pelos mesmos instantes outrora.

Cristian S. Molina
D'um comentário em "Segredo" texto do Danilo, o 'Poeta da Colina',  no blog Uma Vida Em Palavras

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Relativamente estranho

Em um mundo de tantos 'gostos e cores', em que um ama a simplicidade e o outro a complexidade, num mundo que alguns vêem tantas cores e outros apenas um branco e preto opaco ou sem muito brilho.... nesse mundo de tantas diversidades em relação ao que se aprecia, eu, as vezes, paro, em cima de um muro a observar... e vejo que em todos esses mundos há uma certa beleza e uma certa feiura, é tudo muito relativo. Gosto e fico admirado de frente aquelas fotos amareladas, aquelas em preto e branco e, também, com as coloridas... cada qual com um sentimento nobre e um outro pobre, me envolvem e cobrem. E quando vejo algumas pessoas, que passam a vida a sofrerem suas faltas, fechando os olhos para o que se têm, penso que isso é o cultivo de um gosto... é isso! tem gente que aprecia a tristeza! quanto mais triste, mais saboroso é o momento. Outros são tão alegres que julgamos não terem juízo. Mundo doido! Mas quem sou eu pra chamar esse mundo de doido? Eu, que aprecio todo tipo de loucura... muito fanaticamente fatalista, em certas horas, muito otimamente otimista, em outras... VIVO.

Cristian S. Molina
D'um comentário no texto de Joaquim Matos, no Retratos da Alma

sábado, 17 de dezembro de 2011

Juntando o espatifado

Recolhi minha carne espatifada
distribuída por tudo quando foi beco...
Tinha carne morta... já sangrada...
Tinham pedaços poucos
em que o sangue ainda era quente...
Busquei até o pedaço de unha no ralo do esgoto...
Eu me refiz sem nada esconder, sem me escolher...
Eu me reconstruí com o que era vivo e o que era morto.
Com tudo que era meu, me fiz, nem reto nem muito torto.

Crisitan S. Molina
D'um comentário no Astropneumóvel: aprendiz na ausência

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Meu eu bagunçado e meio

Eu gosto da bagunça
De minhas letras amontoadas...
Eu gosto da minha
confusão de palavras
Gosto do meu jeito...
...pra mim está tudo arrumado.
É que essas pessoas insistem
em tentar impor o jeito delas...

A minha bagunça
tá muito bem arrumada!
Gosto dos meus garranchos e rabiscos...
...e dos desenhinhos que faço...
Nas entrelinhas meio aos textos... meus riscos.

E aquele pingo de café na folha
é mais que poesia...
As orelhas do meu caderno
escutam tudo que escrevo.

E o vestígio de folha rasgada
é algo que não quis pro meu mundo...
ou, talvez... aquela folha arrancada
não quis num caderno amassado fazer sua morada.

Cristian S. Molina
D'um comentário no Entre Marés

Linha do Lábio

Necessito ver palavras...
sabe?
A boca abrindo e fechando....
os dentes...
a língua e os olhos.

No escuro é só o tato que vê...
Mas sob a luz
é mais lindo de se ver as palavras...
o contexto das palavras
e aquelas pequenas expressões
que sempre acabam dizendo um pouco mais..

como aqueles sorrisos
escondidos
em que somente uma linha se vê
no cando ao lado no lábio.
Coisa mais linda essas linhas...

Cristian S. Molina
D'um comentário no Deslizes Poéticos

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Refletir o Reflexo

se olhar no espelho
pode significar tanto....
tanto além...
sem a concretude dessa ideia,
um olhar para o espelho
pode nem haver necessidade
de espelho "material"...
sem ter um espelho,
podemos olhar para conosco
através de um outro espelho,
o da honestidade
que temos com nós mesmos...
numa auto análise.
Quanta riqueza podemos encontrar.

tem um outro cara que diz
que há coisas que não dizemos
nem para nós mesmos..
eu acredito nisso.
O que podemos nos dizer,
e não aos outros,
para que nos entendamos,
é a chave desta questão.
O que precisamos dos outros,
às vezes,
nesse sentido,
é apenas uma ajudinha,
para que sejamos entendidos
por nós mesmos no espelho...
amigos nos falam sobre a existência dos espelhos...

Cristian S. Molina

sábado, 10 de dezembro de 2011

Discussões na barriga

Guardar palavras
é provocar discussões na barriga.
Quando não falar as palavras ao ar...
melhor cuspi-las no chão.
porque há necessidade de coragem
para reconhecer que palavras
não se podem engolir...

Palavras
precisam ser vomitadas
em qualquer papel,
ouvido de pessoa ou cão,
qualquer quarto vazio
ou cheio de gente

Palavras...
que se possa atirá-las
com canhão,
em alta voz.

com privado e delicado tato
que não só se ouça
mas também que escute...
que escuta...
...não apenas palavras.

Cristian S. Molina

Seja o que for


A gente vai se escondendo
e tem hora que não dá mais
pra segurar um sentimento,
então a gente descobre
o que o medo de errar
escondeu por tanto tempo.

E então a gente descobre a gente...
a gente descobre quem somos
e o que há de belo em ser o que se é,
Seja lá o que isso for.

Cristian S. Molina

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Alguns lampejos apenas...

Não sou pessoa que fala apenas em prazer, amor e coisas agradáveis. Tenho gosto para tudo que é profundo, um gosto alimentado pela curiosidade e aventura, que pode começar por cutucar feridas narcísicas até mergulhar nos abismos existenciais.

Às vezes, em determinados períodos, enxergo a vida como um quadro não muito colorido, porque o sol quer me alcançar, mas o chão é que anda, o mundo gira e tira a luz da vida e, por isso, não dá pra parar nesse mundo.

Acredito que existam períodos certos em que seus raios alcançam algumas janela, e se Nelson Rodrigues viesse falar sobre o sol, diria que ele brilha para quase todos os que buscam sua luz, mas jamais para os que nada fazem a respeito.

O sol nem sempre passará pela tua janela. Se quer luz, corra atrás, talvez consiga alguns lampejos.


Cristian S. Molina

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Mais que só

Um grito pra que a alma escute
O teu lugar não é onde está
Teu lugar é aqui dentro a alegrar.
É agora,
é aqui,
não então,
não lá.

Joga um jogo que não sei jogar
Aparece ,
acende,
esconde e apaga
Sem freios a me desnortear
Sem ritmo,
sem rumo,
sem parada

Com um anjo
Veio-me luz naquela madrugada
Eu assombrado
e também leve ao acordar...
Sem o peso da minha alma carregada...
Que naquele instante
sentia nada faltar

E quem fui
nem mais sabia...
Contava só o que à diante existia,
o que longe via...
Memória dela se perdia
E esta morada ficava vazia

Alma havia feito morada
num infinito de mágoa
Não queria mais deixar
sua gruta sombria

Naquele universo mais nada sentia
Sem alma não se sofria,
mas alegria também não havia,
Na vazia condição das emoções afastadas.

Aqui, mais que só havia ficado sem minha solidão,
quando se foi a alma desalmada, aí sim fiquei só.
Voltou cá para dentro esses dias,
alma,
Veio fazer poesia.
Voltou agora pra tua verdadeira morada.
Veio numa alvorada...
Veio pro dia,
veio pro sol,
Veio pra noite
Veio pra minhas madrugadas, enluarada.
Para os dias, ensolarada.

Cristian S. Molina

sábado, 3 de dezembro de 2011

Alma Refém

Quando num estado frágil
Ela ficava vulnerável
Aos olhos famintos de posses
Aos que o amor significava
possuir almas...

No desespero de não suportar
a solidão,
ela se entregava aos que a ela
consumiam.
Ela dizia que amava...
e cada vez mais se enganava.

E a alma vendia
por preço de uma companhia
Apenas uma companhia...
O importante para ela era não estar mais só.

E ela perdia a si mesma em seu engano.
Não sabia por que estava ainda vazia..
Sua alma não cabia naquilo que vivia.
Amor não rouba a vida...
e ela sofria
pois era sua alma que refém se fazia
mas ela nem sabia...

E liberta do cárcere,
hoje ela brilha,
em noite quente ou fria...
Ela brilha até amanhecer o dia..
Mas esconde ainda as marcas
nos braços dos laços que a prendia.


Cristian S. Molina
dedicado a minha amiga L.

IMAGEM: Jovem defendendo-se de Eros - pintura de Bouguereau (1825–1905)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Lava dos olhos

E quando os olhos começam a incendiar
a cabeça tenta um estado conter
e você sente a lava de suas lágrimas queimarem seus olhos
e os fecha suavemente para apreciar aquela dor
um prazer estranho esse, contraditório,
um prazer em dor.
É quando você encontra um conforto que ninguém poderia oferecer
a não ser você mesmo a si mesmo.
Um presente de você para você.
Uma abraço em si mesmo, um perdão.

Cristian S. Molina