domingo, 28 de agosto de 2011

(Des)Sensibilizando


Notícias cotidianas chocantes,
de fatos que nem chocam mais.
De tempo em tempo
Um novo Personagem.
Sempre aos mesmos papéis
A história continua a mesma.

Escândalos políticos,
Quadrilhas de policiais,
Quadrilhas de políticos,
Um novo aumento exorbitante
Para nossos "digníssimos" representantes.
Palhaços analfabetos
Os melhores personagens
Nos papéis da palhaçada.

Voltando o olhar ao meu cotidiano
Assusto-me com o um novo imposto
Criado e já atrasado
Que terei de pagar sem questionar
Com juros e multa diária.

Para a multidão
Criam uma infinidade
De programas assistencialistas
E não resolvem problema algum
E oferecem a nosso povo
Um sistema racionado
Uma rotina condicionante
Transformam nossa gente
Em ratos de Caixa de Skinner
E com aquela gota d'água
Mantém a esperança torturante
De essa sede saciar um dia,
Nesta dependência angustiante.

Olho a minha volta
As pessoas estão correndo
Para não se atrasar
No segundo ou terceiro emprego.
As pessoas não estão vivendo
Trabalhar, especializar-se, reciclar-se, atualizar-se.
As pessoas andam morrendo
Escravas de rotina e de medo.

E a corrupção corre solta
Por todos os cantos
De qualquer departamento público,
Privado, Não Governamental, 
Religioso... Tudo! Por todos os lados!

E fica tudo por isso mesmo
Porque todo mundo
Tem "rabo preso" com todo mundo.
Ninguém viu nada.
Ninguém ouviu nada.

Angústias torturantes
Forças em conflito
Incômoda Paralisia
Nada será como antes

Auge da Fuga
Intensa nostalgia
Das guerras nas ruas
Dos ideais que se morria.

Desespero Infinito
Caminhando à Fantasia
Cogita-se o abandono da luta

Vivendo a intensa e crônica agonia
Uma dor insuportável na alma.
Da ambivalência sentida

No vácuo das caixas vazias.
Cabeças que explodem.
Almas vazias...
Que tragam insultos calados sofrendo em azias
Fardos das mais profundas melancolias
Um mundo que faz da arte uma hipocrisia
Um mundo da cultura de sátiras de burguesia
Um mundo sem poesia.

Cristian S. Molina

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Se eu a tivesse nos braços


Se eu a tivesse nos braços
Lhe arrancaria sorrisos e lágrimas
Te faria feliz e muitas vezes te deixaria sem norte
Realizaria nossos sonhos...
Não seria nem um príncipe
Não seria nem um sapo
Seriamos ricos e pobres de espírito

Se eu a tivesse nos braços
Você sentiria calor e frio na alma
Te daria rosas e espinhos...
Prazer e dor... 
Assim como qualquer ser humano

Se eu a tivesse nos braços
Ninguém seria tampa de panela de ninguém
Como todos os laços... 
Uma combinação imperfeita de ódio e amor
Se eu a tivesse nos braços,
Teríamos um conflito... 
E o conflito... curto-circuito...
É que faria nascer o fogo...

Se eu a tivesse nos braços
Te daria tempestades catastróficas
E abrigo junto a lareira... para aquece-la
Te daria um céu e um inferno.
Assim... como qualquer ser humano

E assim como qualquer ser humano
Você decidiria o que mais quisesse enxergar
E assim como qualquer ser humano
Você teria a ilusão de que existe uma escolha
E assim como qualquer ser humano
Você escolheria o prazer pra evitar a dor



E assim como qualquer ser humano
Ficaria frustrada por não entender
Que é preciso conciliar esses pólos
E que esse conflito é que faz a vida
E que só poderia te fazer entender
Se eu a tivesse nos braços.
Assim como qualquer ser humano

Cristian Steiner Molina


Algumas Lágrimas Depois...

Por um instante, meus olhos se umedeceram, logo no início da leitura daquele texto, quando ela falava do travesseiro como supressor de um choro desesperado. Quase desceu uma lágrima. Não estava entendendo nada daquilo. Pode ser resultado de algo latente, ainda inconsciente e sentido, apenas sentido uma vontade, também, de chorar. Chorar era bom. O que recordei foi um sentimento. Quando eu era criança achava tão boa a sensação que tinha após um choro intenso e profundo. Era como se eu, com toda aquela desesperança, pois sempre achava que a minha situação não tinha jeito, iria morrer ou então, um alguém que eu amava muito. Chorava de medo do abandono absurdo das minhas posses - porque eu possuía as pessoas - ou de palavras rudes que ouvia e me faziam temer a perda de uma pessoa amada. Tudo era uma catástrofe sem solução. Após secarem as lágrimas era aquele grande alívio, a pessoa que me amava e que eu amava não havia ido embora e nem morrido coisa nenhuma e, estava ali, ao meu lado, me alegrando e contando piadas, me fazendo rir. Nossa! Como era melhor ainda aquelas gargalhadas após o choro, aquelas piadas sobre o próprio desespero ilógico de uma criança, piadas que contava pra mim mesmo e para os que andavam ao lado.

Cristian Steiner Molina

domingo, 14 de agosto de 2011

Minha Sintonia

foto Flávio Demarchi - Flickr

Às vezes penso que essa minha frequência é de impossível sintonia. Tem que amarrar "bombril" na ponta da antena. Mas vez ou outra, um sujeito inquieto dá um tapa no rádio e, por acaso, soa uma voz nítida, por alguns instantes, apenas suficientes para traduzir um sentimento, para ter um insight. E então, o radio volta a chiar.

sábado, 6 de agosto de 2011

Música


Ouvir a musica que mais se gosta até não mais suportar...
Eu tive essa sensação...
E de repente apertei o '>>' daquele álbum...
E a náusea me fez pular também o álbum....
Só então percebi o tempo perdido repetindo aquela música..
E como ficou sem sentido aquela música...
Transformou-se numa musiquinha boba...
Só então descobri a infinidade de ritmos...
E combinações sonoras que a muito já existiam
E alimentavam os ouvidos dos bons apreciadores
Como é bom variar!


Sempre quando ouvia aquela música, saia desse mundo.
E quanto tempo se deve dedicar à nostalgia?
Músicas velhas...
lembranças felizes...
De grandes momentos e amores
E seus desfechos que até hoje não se entende o porquê...



A música é o céu e o inferno.
Músicas são cruéis.... Músicas são consolos.
Você tem uma música que não queira nunca mais ouvir?
Não sei das músicas que ainda irei ouvir,
Mas sei das 'coisas' que se meu rádio tocar, jogo-o na parede.

De tanto repetir, já não suportava mais,
Dizendo nunca mais ouvir...
Mas quando a música é boa não tem jeito...
Não sai da cabeça.
Aí alguns dias depois...
Pega aquele álbum
Morrendo de saudades
E bota ela pra tocar.

Cristian Steiner Molina


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"Temos a arte para não morrer da verdade... Sem música a vida seria um erro"

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Sazonal


Girando pelo mundo girador
Apresento meu sorriso
Meus dentes amarelados de cigarro, café e ressacas.
Apresento minha dor
Minha profunda falta insuperável...  
...insuportável fé que me laça.

O vai e vem de uma cabeça voadora
Bipolar... Sazonal... Episódica... Surtada...
Cabeça meio de lua....

Ofereço-lhes todo meu amor
Minhas palavras e idéias vestidas 
e depois descaradamente nuas 
Meu ódio... meu rancor...

E outra vez...
inexplicavelmente...
sem mais nem menos....
sem objetos, objetivos ou previsões...
assim de repente, 
....novamente, o amor.

Cristian Steiner Molina