segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Estigma e Segregação

Fonte da imagem: 4.bp.blogspot.com

Carregam a cruz do estigma e da segregação,
A repugnância sobre todas as suas peculiaridades
E particularidades.
Estereótipo do nada, vazios.
Sobre eles só se projeta ódio e rejeição.
Para eles próprios, pedem piedade.
Não têm vaidade ou individualidade.
São sós em quantidade, uniformidade sem unidade.
Segue o sangue saindo do peito da humanidade.

Pobres coitados, degenerados, esfarrapados
Retardados segregados e ignorados.
Favelados marginalizados e amontoados,
Enganados, manipulados e roubados.
Desgraçados maltratados, escorraçados,
Crucificados, torturados e assassinados e aos montes enterrados.
Viciados alcoolizados e drogados.
Alienados.

Desmoralizados, desapropriados, despejados, desabrigados e jogados.
Comprados e vendidos por trocados.
Como cobaias, usados, pesquisados,
Amputados, contaminados, remediados, testados e medicados
E deixados de lado, enclausurados, enjaulados.

Recriados, doutrinados, disciplinados,
‘educados’ e seus pecados perdoados. Santificados.
Novamente padronizados, uniformizados e alienados.
ANULADOS

Campo Limpo Pta., 29/01/2011
Cristian Steiner

Alguns Diabos

Ando escrevendo mais do que o de costume. Muito mais! Escrevo sobre todos os assuntos que aparecem. Às vezes parecem contraditórias muitas coisas. Por exemplo, ando lendo muito vorazmente Nietzsche e gosto de muitos conceitos dele, o problema é que muito do conteúdo dos seus livros tem uma carga meio pesada em relação a raças superiores que soam como nazistas ou algo parecido. Gosto do ataque ao cristianismo até certo ponto, estou de acordo com os conceitos contra a moralidade cristã, mas os ataques ao caráter social de igualdade de direitos e, certas hierarquias, me causam certo desconforto. Ainda tento entender a natureza desses pensamentos. Tento entender o porquê da insistência do ataque a igualdade de direitos entre os homens. Nietzsche diz que a igualdade de direitos não se concebe, é impraticável, é hipocrisia. Nunca irá existir. Isso dá um nó na minha mente.
Sigo ouvindo Raul Seixas e algo me diz que existe coisa melhor pra se ouvir, que Raul é musica de bêbado e “bicho-grilo”, de gente que não tem “propósitos” e tal. De repente, minha mãe me diz lá da sala: “Ai Cristian, você não enjoa dessas músicas?!” - e eu acho até meio engraçado. Ouço todo tipo de música. Hoje pela manhã iniciei ouvindo Chico Buarque. O álbum “Construção” rodou umas três vezes, depois que “cansei”, coloquei ACDC, por mais ou menos 1 hora, depois Aerosmith, aí “cansei” de musica internacional. Coloquei pra tocar um álbum duplo do Titãs com uma grande seleção de 1984 a 1994, logo quando vi a lista de reprodução selecionei “Igreja” pra tocar... é aquela: “Eu não gosto de padre, Eu não gosto de madre, eu não digo amém...”. Acho que a influencia partiu da minha leitura atual, pois estava terminando de ler “O Anticristo”, do Nietzsche. Continuei ouvindo as outras músicas do álbum: Comida, Televisão, Cabeça de dinossauro, Polícia, Porrada, Jesus não tem dentes no país dos banguelas, etc. ... Sempre quando ouço Titãs lembro a minha adolescência, das bandas que eu meus amigos da época tentamos montar e de todos aqueles excessos e rebeldia. Como perturbávamos os “adultos”! Nós éramos os melhores, pensávamos... acho que muita gente percebia isso e riam de nós, “aborrecestes”, assim como eu rio as vezes da molecada estereotipada que anda por aí.
Então “cansei” de ouvir Titãs, coloquei The Doors, depois Raul... que estou ouvindo até agora. Hoje quase encho o pneu da bike pra dar umas voltas, mas fui deixando e acabei nem saindo de casa. Está muito calor lá fora. Aqui dentro também, mas aqui estou na sombra e tem a geladeira e tal...
Escrevi um poema bem diferente. Não vou falar sobre ele. Qualquer hora eu posto ele. Cara! Cansei de Raul... Vou trocar...
Pronto. Coldplay é legal... “Amsterdam”. Bom... Voltando aquele assunto das contradições em meus textos. Esses são meus demônios, fico neurótico com isso, às vezes guardo um texto por muito tempo porque acho que ele não tem nada a ver comigo. É que é difícil ser bom e mau ao mesmo tempo. Acho que o difícil mesmo é estar além do bem e do mal como diria o filósofo. Tento fazer uma autocrítica das coisas que escrevo. Chego a algumas conclusões, mas elas ficam meio dispersas na cabeça. Acho que os textos não tem muito sentido e que, como diria Raul, eu sou uma metamorfose ambulante. Minhas idéias estão sempre em transformação, tudo depende das contingências, o que estou lendo, a música que estou ouvindo, a reunião que estou participando, com quem estou falando. Mudo constantemente. Não tenho opinião formada sobre nada, posso aceitar muitas idéias, tudo vai depender da argumentação.
E, por isso, acredito que não me enquadro no círculo de escritores, artistas, etc... não tenho um tema fixo. Vou devaneando sem muito critério e isso - penso eu - é muito gostoso pra mim, mas pra você leitor, não sei.



Campo Limpo Pta., 30/01/2011
Cristian Steiner

Trágico Grego


Não sei guardar os meus.
Consegue guardar segredos?
Não me entrego aos beijos teus
Na verdade porque tenho medo.

Quem sofre em silencio sou eu
A paixão me aponta o dedo
Ao olhar nos olhos teus
O tempo diz ser ainda cedo

Certamente condenado serei,
Pelo fogo dado por amor,
E acabarei como um brinquedo,
Nas mãos de um cruel deus,
Acorrentado sob o sol, ao rochedo,
Aos abutres, feito Prometeu.


Campo Limpo Pta., 30/01/2011
Cristian Steiner

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A Casa de Um Cheiro

Uma vez li num livro que toda rosa é a casa de um cheiro...
...e então eu fui morar lá.
Inspirado nos deslizes de Rosa Maria Roma.


A unica certeza que tenho
é que não perco viagem quando passo por aqui, querida!
É muito boa a sensação que tenho
quando deslizo meus olhos por suas linhas.

Absorvo aqui os nutrientes
...que necessitava
...e nem sabia.
Como você me preenche!

Sinto falta de você
logo que saio daqui.
É estranho e familiar.
Fica sempre o desejo de sentir a próxima vez...

você preenche mas nunca acaba..
...e isso é mágico!
Conteúdo,
sensibilidade...
...emoção.
É bom estar por aqui, com você.
"Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende. Amigo a gente sente!"


Você me surpreende a cada dia que passa...
você transcende a todo instante,
supera você mesma a cada passo.
Tem um poder de me levar a refletir
até sobre o amor.

Esse meu coração duro vai derretendo a cada palavra sua,
e quando dou por mim,
me pego devaneando...
sonhando...
desejando...
amando...
Encontro uma estranheza familiar, já vista.
Continuo voltando, poetizando, deslizando.

Cristian Steiner


Poema elaborado a partir dos comentários que fiz em  "Deslizes Poeticos"  nos seguintes poemas:
1) Não tenho uma definição para o Amor, tenho sentidos
2) Leitura sim, porque não?


Coldplay

Fix You (Consertar Você)


Quando você tenta o seu melhor, mas não tem sucesso.
Quando você consegue o que quer, mas não o que precisa.
Quando você se sente cansado, mas não consegue dormir.
Preso em marcha ré.

Quando as lágrimas começam a rolar pelo seu rosto.
Quando você perde algo que não pode substituir.
Quando você ama alguém, mas é desperdiçado.
Pode ser pior?

Luzes vão te guiar até em casa
E aquecer teus ossos
E eu tentarei, consertar você

Bem no alto ou bem lá embaixo.
Quando você está muito apaixonado para esquecer.
Mas se você nunca tentar, nunca vai saber.
O quanto você vale.

Luzes vão te guiar até em casa
E aquecer teus ossos
E eu tentarei consertar você

Lágrimas rolam no seu rosto
Quando você perde algo que não pode substituir
Lágrimas rolam pelo seu rosto
E eu...

Lágrimas rolam pelo seu rosto
Eu te prometo que vou aprender com meus erros
Lágrimas rolam pelo seu rosto
E eu...

Luzes vão te guiar até em casa
E aquecer teus ossos
E eu tentarei, consertar você

Tradução de: letras.terra.com.br

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Fazer Planos

Elaborar
Planos perfeitos.
Levantamento,
Descobrindo todo defeito
Todos eufóricos e contentes
Todos tem idéias maravilhosas
Soluções e táticas coerentes
Planos que defendem com unhas e dentes
E põem-se a frente da gente, impacientemente, e mente pra própria mente doente e conseqüentemente, Inconscientemente sente...
...o peso da responsabilidade, haja personalidade!

Executar...
Dor no peito
Descontentamento
O plano não feito direito
Diante da retórica, inocentes.
As barreiras são numerosas
A prisão da prática, uma corrente
Que prende a gente a gentes
Impõe o dormente batente, latente patente que nem a gente está ciente que é descanso da mente que mente Inconsequentemente pra gente...
...a práxis é a realidade, é a louca verdade.

Cristian Steiner


Imagem: Salvador Dali - Don Quixote



"Fazer planos e tomar resoluções proporciona muitos sentimentos agradáveis; e aquele que tivesse a força de ser somente, durante toda sua vida, um forjador de planos seria um homem muito feliz: mas deverá, em algum momento, descansar dessa atividade, executando um plano - e então se verá envolvido pela raiva e pela desilusão."
Friedrich Wilhelm Nietzsche
No livro  Miscelânea de Opiniões e Sentenças
Titulo  Original: Vermischte Meinungen und Sprüche

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

No Espelho da Natureza

Projeções e Preconceitos

Se eu chegar mais perto, 
não consigo enxergar direito
Enxergo melhor de longe e julgo o que parece ser
Sou o estigma sou o preconceito 
Tenho visão ofuscada para ver o que é próximo, 
O que me parece ruim, prefiro ver de longe
ou nem ver.


Que sou?

Será que vejo mesmo isso?
Há tantos pontos de vista.
Sou louco?
Sou são?
Sou normal?
Sou um alienígena?
Sou o que pareço ser?
Sou o que sou pra mim ou o que sou para os outros?
O que sou?
Sou?
Sou!
Nem sei quem ou o que, sei que sou.
Sou. 
Nada sei.
Sei que nada não sou.


No Espelho da Natureza (Nietzsche)
"Será que conhecemos exatamente o caráter de um homem quando o ouvimos dizer que gosta de passear por entre os altos trigais amarelados; que prefere, a todas as outras, as nuances extintas e amerelecidas que as florestas e as flores assumem no outono, porque essas nuances mostram mais beleza que a natureza consiga mostrar; que se sente, sob as grandes nogueiras de folhagem densa, perfeitamente à vontade como se estivesse entre seus parentes próximos; que sua grande alegria é estar nas montanhas, encontrar esses pequenos lagos afastados, de onde a própria solidão parece lhe lançar um olhar; que gosta do acinzentado tranquilo do crepúsculo de névoa que desliza, nas tardes de outono e de primavera, até as janelas, sob cortinas de veludo, como para isolar de toda espécie de ruído insólito; que considera todo rochedo bruto como uma montanha do passado, ávido por falar, que venera desde sua infância; e, finalmente, que o mar, com sua movediça pele de serpente e sua beleza de fera, sempre foi e sempre será para ele estanho? - Com efeito, assim algo da característica desse homem foi descrito, mas o espelho da natureza nada diz do mesmo homem que, com todos os seus sentimentos idílicos (e não digo "apesar deles"), poderia muito bem ser pouco caridoso, parcimonioso e presunçoso. Horácio*, que entendia de semelhantes coisas, colocou o sentimento mais terno para vida dos campos na boca e na alma de um usurário romano com o célebre verso: "Beatus ille qui procul negotiis." p.39
Friedrich Wilhelm Nietzsche
No livro  Miscelânea de Opiniões e Sentenças
Titulo  Original: Vermischte Meinungen und Sprüche

*Quintius Horatius Flacus (65-8 a.C.), poeta latino; o verso citado no texto é extraído do livro Epodon, II, 1 e significa "feliz daquele que fica longe dos negócios"

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Registrando Instantes

Já escrevi em algum lugar nesse blog que é difícil não se expor por aqui. Se criei um blog para ser original e escrever tudo o que vier a minha cabeça (ou quase tudo) não posso ter medo de expor-me. Mesmo que fosse um espaço para postar somente citações, já, com isso, diria muito de mim. Se escrevo subjetivamente, também fico exposto. A subjetividade é uma linguagem.

Esses dias cheguei a minha psicóloga e fiquei me lamentando por ter me exposto tanto em uma situação. Ela simplesmente disse: "E quem é que não se expõe? - Eu fico exposta muitas vezes!". No post 'Padrões' acho que deixo claro que esse medo de se expor é uma pressão posta pela sociedade sobre os indivíduos. Sempre tentamos 'parecer' algo mais bonito e perfeito, mas não existe perfeição. O eu-ideal é o que nos impede de aceitarmos quem realmente somos. Vivemos atrás da pessoa perfeita. Quando nos relacionamos, esquecemos que um relacionamento só se mantém se aceitarmos, também, os defeitos do próximo. Não digo que devemos aceitar incondicionalmente até o que nos prejudica, mas aceitar as imperfeições humanas em cada pessoa é regra.

Pensando sobre essas imperfeições humanas, volto a exposição proporcionada pelos espaços virtuais, onde por traz existe um ser humano que expressa o seu ser ali. Esse ser humano, não será só amor, só acerto, será também ódio, caos e muito erro a não ser que este não seja humano, a não ser que seja uma máquina programada pra dizer coisas boas e agradáveis. Isso não é vida. Vida também é dor, erro, e não há coisa melhor que desabafar isso. É ótimo ler um livro só de coisas boas e acontecimentos bons, mas acho meio 'conto-de-fadas', prefiro a realidade que é feita de coisas boas e ruins. Não é legal expressar também, apenas nossa negatividade. É preciso ter coragem para escrever. Coragem de expor o ser humano dentro de nós.  Acho que por isso somos a minoria. A grande maioria vive uma vida de fachada, tendo que criar uma vida secreta para expressar seu ser. É tudo um grande segredo.

Jamais ouvi falar de um grande escritor que não retratou sua alma em sua obra. Como escrever sobre algo que não se acredita? Escrevemos porque acreditamos. E principalmente, acreditamos no que sentimos.





Acho que escrevo pra um dia voltar a ler
Um registro de uma emoção, de uma idéia,
de sensações, sentimentos poderiam morrer.
Escrevendo, mantenho vivo meu espírito
Me eternizo em uma obra.
Posso escrever uma música, desenhar uma tela,
esculpir uma imagem, talhar na madeira uma idéia.
Posso escrever nos muros meus versos,
como o velho Gentileza.

"nós que passamos... apressados... pelas ruas da cidade... Merecemos ler as letras e as palavras de Gentileza"

Nossa vida é curta demais.
O que escrevemos pode nos eternizar.




Inspirado em:
Deslizes Poéticos: Palavras Palabras Paroles por @RosamariaRoma