segunda-feira, 13 de junho de 2011

Hospital [Parte I]


Depois de passar o sábado e domingo deitado na cama com febre, calafrios e uma tosse horrível que me dava a sensação de estar expelindo todos os meus órgãos pela boca, já triturados e em decomposição - o que mais me amedrontava antes de tossir era o latejar da cabeça que aumentava  conforme a intensidade da tosse e em certo momento só de pensar em tossir já sentia as agulhadas na cabeça. Éh... Condicionou. Depois de tudo isso, e um recusar constante em ir ao médico - não por medo de injeção, mas pela espera, descaso, aglomeração e todas essas características de hospital público - resolvi, na segunda-feira que iria ao médico pela duração dos sintomas - e também por que não tive disposição para levantar cedo e ir trabalhar e precisaria de um atestado.


Os problemas de se ir ao hospital aqui em minha cidade, no interior de São Paulo, já começam ao sair de casa, e isso não se deve a um mau planejamento na logística da coisa, eu acredito que a logística foi bem planejada, no sentido de dificultar o acesso da população aos serviços públicos e isto é favorável pra eles porque os serviços poderiam estar bem mais superlotados se o acesso fosse facilitado. Aqui, é necessário duas conduções para se locomover por uma distância de aproximadamente 5 km. Uma do meu bairro até o terminal central e outra até o hospital. São os 5 km mais demorados, e também mais caros da região, R$ 2,90 pra ir e R$ 2,90 pra voltar. É isso mesmo, para sair de casa nessa cidade você tem que ter R$ 5,80 na carteira. E se tiver doente em casa, ambulâncias estão sempre ocupadas. Bom, ainda bem que minha mãe tinha um dinheiro, senão eu poderia estar morto agora. Então, depois de adiar e adiar, resolvi que iria ao médico depois do almoço e enquanto almoçava, pensava no sofrimento que é ficar lá aguardando os incontáveis encaminhamentos - você chega e é atendido na recepção, depois é encaminhado para uma enfermeira que depois te encaminha para um médico e ele te encaminha para o raio-x e depois você volta com o médico que te manda pra recepção que diz que o médico te encaminhou para a sala de medicação onde você toma um monte injeção e é liberado meio que quase expulso do hospital parecendo ser você o motivo de todos os problemas do país e tudo isso demora um meio dia bem demorado - peguei um livro bem grosso pra ler na espera lá no hospital e então, lá pelas 13:00 horas, embarquei no "latão" e sai.
Pego a nota de vinte reais que minha mãe me deu e passo para o motorista - que também é cobrador - fico paranoico de medo de um acidente enquanto ele faz as curvas das ladeiras do bairro ao mesmo tempo que conta o meu troco todo em moedas.

[continua...]

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